O que era para ser um produto de nicho e limitado, tornou-se um carro em série.
O BMW 1M coupé, antecessor natural do recém-lançado M2, foi feito para atender um pleito dos mais fanáticos consumidores da BMW, em busca de um carro menor, mais leve, puro, agressivo e simples. Missão cumprida com louvor, a ponto da 1M coupé estar se valorizando mundialmente hoje em dia.
Realidade seja dita: certamente há mais razões para o setor de marketing de uma montadora aprovar algo tão “reservado” do que o número de entusiastas saudosistas em busca de algo assim.
Há uma aposta de que o produto será um sucesso e que, ao menos, servirá como uma excelente ferramenta de propaganda. Tanto é que outras montadoras estão se aventurando nessa proposta “mais pura” de carros, tal como a Porsche fez com o Cayman GT4.
É o que eu chamo de gourmetização da velha guarda automotiva. O argumento é purista, mas toda a tecnologia moderna que traz segurança está lá também.
Com o M2, no entanto, dois predicados iniciais do 1M coupé foram deixados de lado: nada de exclusividade, afinal, não será produção limitada; e opção de câmbio M-DCT de dupla embreagem.
Tirando o acima, a proposta de “pura máquina de tocada” segue mais forte do que nunca. Plataforma nova e completamente distinta da série 2 da BMW, que deixou de ser uma adaptação da antiga série 1. Não é novidade para nenhum bom entendor da marca que o atual M235i é possivelmente a melhor “tocada” da BMW hoje. Notem, não estou falando de ser o carro mais rápido, mas sim aquele que é mais prazeroso de dirigir.
Será que o tratamento “///M” de verdade fará alguma diferença? Meu palpite é que sim.
No entanto, se você esperava um motor “S”, não foi dessa vez. A marca utiliza novamente uma versão ainda mais preparada do já conhecido L6, turbo, 3.0, conhecido por N55. Diferentemente do motor que equipa os atuais M3 e M4, o motor do M2 utiliza uma turbina única, com geometria variável – twin scroll. O resultado é: 365 Hps a 6500 rpms e 47,4 Kgfm (podendo chegar a 51 Kgfm no overboost). A velocidade máxima é limitada aos tradicionais 250 Km/h e o 0 a 100 Km/h é feito na casa dos 4,3 segundos para o M2 equipado com a caixa de dupla embreagem com o controle de largada.
O M2 pesa com câmbio manual de 6 marchas 40 Kgs a mais que a M235i (com fluídos, 1495 Kgs). Pode adicionar mais 25 Kgs em cima dessa conta se a opção for pela caixa M-DCT.
A tração, como manda o figurino BMW, é traseira, o que é algo atrativo em tempo de CLA 45 AMG e RS3 integrais.
Pelo IDrive você pode optar entre os modos de condução Comfort, Sport e Sport +.
Há também novidades na parte tecnológica em termos de conectividade. O serviços ConnectedDrive permitem gravar voltas em circuitos, bem como filmá-las por meio da câmera do painel, sem prejuízo ao já conhecido M Laptimer. Satisfeito com o resultado, o motorista poderá divulgá-lo em redes sociais. Resta-nos saber como vai funcionar em solo brasileiro.
Esteticamente, não há como negar que é uma série 2 anabolizada e sem tanta sutileza como o modelo mais ordinário.
Até o momento, ouvi muitos desapontados com a M2. Muitos esperavam algo um pouco mais especial em termos de motorização. Eu consigo entender esse argumento, afinal, não há muitas receitas de preparação específicas para o M2 que não serviriam no já genial M235i. Pelo menos em linha reta, o M235i é tão capaz como o M2, dependendo do que você fizer debaixo do capô.
Agora, resumir o M2 à linha reta é negligenciar todo aquele tratamento de tocada que só a M sabe fazer. A julgar pela genialidade da plataforma da série 2 atual, bem como o trabalho que foi feito nas atuais M3 e M4, de revisitar o caráter agressivo das gerações M mais antigas, apesar de toda a tecnologia, eu aposto que o M2 será algo único.
Isso sem contar a existência de um LSD, que é traço distinto dos Ms, bem como o incremento em termos de suspensão e freios. Em tempos de dólar passeando a 4 reais, pode ter certeza que se a BMW precificar adequadamente o M2 aqui no Brasil, vai vender muito bem.
Manual ou M-DCT?! Huuummmm… essa é uma dúvida cruel. Nessa fase da minha vida, espero que a BMW do Brasil permita aos proprietários escolher e não traga apenas a caixa automatizada.
Um comentário sobre “BMW M2 – O SEGUNDO CAPÍTULO DA MARCA NA SAGA ENTUSIASTA”