Na onda da renovação do BMW série 1, da chegada da Mercedes Classe A e do novo Golf em território nacional, já era hora a Audi trazer o novo A3. Tive a chance de passar um bom tempo com o modelo 1.8 TFSI durante uma gravação do Amigos Por Carros.
O que muda com o novo motor?
Curiosamente, por uma razão que ainda não consegui entender, a opção da marca foi por trazer o Audi A3 com o motor 1.8 TFSI, e não o bom e velho 2.0 TFSI, atualmente esparramado pelos demais modelos da marca e da Volkswagen.
A potência cai para a casa dos 183 cvs. O torque também cai para 25,5 Kgfm. É perceptível a queda? Sim. O 2.0 TFSI parece mais agressivo. Esse 1.8 é marginalmente menos arisco e rápido. Quem dirigir os modelos VW com o 2.0 TFSI vai perceber do que estou falando.
Há quem diga que as montadoras estão escondendo o jogo com esses números e que o A3 1.8 TFSI rende números de cavalaria e torque muito próximos do antigo 2.0 TFSI, porém, ali “no pé”, insisto em dizer que o antigo A3 era mais rápido.
No papel, a Audi diz que o A3 1.8 TFSI equipado com o câmbio S-Tronic de dupla embreagem (7 marchas) é capaz de ir de 0 a 100 Km/h em 7,3 segundos e atingir a máxima de 232 Km/h.
O carro evoluiu em relação ao anterior?
Bastante. É notável que a Audi se preocupou em dar mais sensibilidade ao que se passa com o eixo dianteiro por meio da direção sob condições mais fortes de pilotagem, uma coisa que sempre me incomodou muito nos veículos da Audi, em especial no antigo A3. O carro também parece estar mais equilibrado, parece que há menos peso acumulado na frente do veículo.
Porém, não se engane, aquela direção anestesiada e a sensação de peso demais em cima do eixo dianteiro ainda estão lá, apesar de mais escondidas.
O grande mérito do novo A3 está, construído em cima da plataforma do VW Golf MK VII, foi reduzir peso. Dependendo da versão, a perda de peso chega a quase 90 Kgs comparativamente à geração anterior. O A3 Sportback 1.8 TFSI dirigido pesa cerca de 1340 Kgs. Ao mesmo tempo, a rigidez do chassi melhorou também.
Você percebe que, no geral, o novo Audi A3 é um carro mais competente que o antigo em termos de suspensão, direção e chassi.
O que muda na tocada?
Se o carro deu um grande salto em termos de redução de peso e chassi mais refinado, parece que a Audi quer fazer do A3 definitivamente um carro de “passeio”, abandonando um pouco aquela alma mais arisca das antigas gerações.
O carro está tremendamente confortável e mais do que capaz de absorver irregularidades do asfalto. Para quem dirige e vai na frente, passar horas a bordo do A3 é excelente. A direção com assistência elétrica está entre as mais leves que já experimentei. O câmbio é tão suave que se faz completamente imperceptível nas trocas de marcha. Aliás, até mesmo as respostas do câmbio aos comandos do motorista ficaram mais comportadas e, por momentos, mais lerdas.
A resposta do acelerador ainda é letárgica, como sempre foi no antigo A3 Sportback. Você encosta com força no pedal e o carro hesita em responder prontamente. Há um hiato de tempo até que ele entenda que você está com intenções libidinosas atrás do volante.
Se por um lado o novo Audi A3 sacrificou de vez o pouco de pegada esportiva que ele tinha, não dá para reclamar do novo caráter “tiozinho” do carro. Há muitos mimos espalhados por todos os lados da cabine. A cor e design do painel é muito agradáveis aos olhos e parecem ter saído de carros mais caros. A central de multimídia é completa, não falta nada, mas não é tão intuitiva e fácil de manusear como a que equipa os modelos VW, por exemplo.
Os bancos do novo modelo também parece menos rígidos que no modelo anterior, denotando a escolha mais voltada para o conforto.
Para quem vai atrás, no entanto, o plástico atrás dos bancos dianteiros incomoda se o joelho do passageiro ficar encostado, assim como a altura do carro continua ruim para quem tem mais de 1,85 metro.
Quer dizer que o interior do carro é completamente premium então?
Apesar da central de multimídia, teto solar, faróis de xenônio e ajustes elétricos no banco do motorista, a Audi comete um pecado ao vender esse A3 sem banco e revestimento das portas em couro. Empobrece demais o carro. Um erro besta, ainda mais considerando que quem compra um carro desses espera que o conceito “premium” seja levado ao pé da letra. Dizem que a culpa é do IBAMA, que anda impondo restrições e taxas para carros importados que estão chegando no país com bancos de couro (se for verdade, um tremendo parabéns para nossos “mais do que capazes” governantes).
É uma cabine de contrastes, mesclando partes realmente bem acabadas e completas, com coisas mais “pobres”. Ajustes elétricos para o motorista e manivelas para o passageiro. Painéis muito bem acabados e revestidos por materiais nobres, fazendo parceria com bancos de tecido. Acreditem, eu estou para conhecer um cara que compra um Audi, leva colocar couro “paralelo” e fica feliz com isso.
Conclusão
Se o Audi A3 costumava atrair todos aqueles atrás de uma pegada mais esportiva, parece que a marca agora quer atrair as mães e pais dessas pessoas, que procuram mais refino e conforto. Há possibilidade de escolher modos diferentes de condução, mas mesmo no modo dynamic, mais esportivo, a resposta do acelerador, peso da direção, resposta do câmbio aos comandos do motorista é LERDA. Comparativamente ao GOLF GTI novo, carro com preço praticamente idêntico (antes que crucifiquem a comparação), há um abismo de diferença!
Visualmente falando, a mudança fez bem para o carro e o rejuvenesceu. Deixou com o visual mais agressivo, embora a alma do carro tenha envelhecido. Reforça o que eu sempre disse – a Audi, exceto pelos seus modelos S, RS e R, parece estar sempre em conflito de identidade. Tem horas que quer o visual e agressividade da BMW, mas quer brigar, ao mesmo tempo, com o luxo e conforto do Mercedes Benz.
Não vou desmerecer o carro. Acho um tremendo produto para o dia a dia. Arrisco a dizer que prefiro em relação ao Classe A, mas ainda sou mais a BMW série 1, devido ao meu perfil de condução e o que busco em um carro.
você dirigiu o carro blindado…não é possível
Segue um review que deve ao menos mudar o que disse.
http://revistafullpower.uol.com.br/2014/07/mesmo-com-motor-menor-audi-a3-surpreende-em-interlagos/
Seu abismo de diferença é de 1 Seg em Interlagos….