Por volta de 2010, a Audi decidiu que era hora de entrar de cabeça para concorrer com o Mercedes CLS. A razão era muito simples, a Mercedes nadava de braçada desde 2005 com o modelo que mescla um sedã e um coupé no mesmo carro – o resultado todos nós sabemos: pode não ser mais prático que um clássico sedã, mas, sem dúvidas, é um sucesso.
Os concorrentes até que demoraram para lançar concorrentes para o CLS, talvez acreditando que seria mais uma apócrifa criação de um dos milhares nichos automotivos criados pela Mercedes Benz. O que aconteceu foi exatamente o contrário e vimos a consolidação desse tipo de carro.
A entrada nessa categoria automotiva pela Audi se deu com o modelo A7 Sportback, disponível aqui no Brasil com a motorização 3.0 Turbo, com preço na casa dos 300 mil reais. Particularmente, eu acho o Audi A7 o veículo mais bonito fabricado pela marca hoje em dia depois do esportivo nato R8.
Recentemente, o GT Spirit botou as mãos no topo da cadeia alimentar do modelo da marca de Ingolstadt, o RS7, que foi anunciado para o mundo no Salão de Detroit no começo do ano. Até agora, se você queria esportividade de verdade em um A7, seu caminho era o S7!
Vamos ao motor do RS7, um 4.0 V8 biturbo de injeção direta de gasolina. Até aqui, basicamente o mesmo motor do S7. A diferença é que para o RS, a Quattro GmbH conseguiu trazer 140 Hps a mais, deixando-o com um total de 560 Hp (curiosamente, bate de frente com a potência do CLS 63 AMG), disponíveis entre 5700 e 6700 rpm. O torque fica nos 71,3 Kgfm, a partir de singelos 1750 rpm e assim mantendo-se até 5500 rpm.
Apesar dos números de potência e torque de respeito, a Audi afirma que o RS7 é tão econômico quanto o S7, em grande medida, devido um sistema que desliga metade da bancada de cilindros em condições monótonas de uso, como no trânsito pesado de cidades. Ou seja, sob condições normais de uso, o RS7 não passa de um 4 cilindros.
Quanto ao câmbio, se você esperava que a empresa pioneira nos câmbios de dupla embreagem para carros de rua fosse equipar o RS7 com a versão mais moderna do DSG, com 7 marchas, já presente no S7, errou! A opção foi pela caixa ZF automática de 8 marchas. Apesar do câmbio ter sido calibrado para uma pegada mais esportiva, com as primeiras 7 marchas curtas, a última delas, a oitava, é apenas um overdrive. Além disso, a velocidade das trocas de marcha é notavelmente inferior à da caixa com dupla embreagem.
O sistema de tração do RS7 não poderia ser outro que não o famoso Quattro. Apesar do RS7 ser permanentemente tração integral, a força é distribuída na ordem 40/60 entre os eixos dianteiro e traseiro, respectivamente.
Muito embora a Audi tenha optado pela escola downsizing, utilizando o motor 4.0 TFSI e aposentando o incrível V10 Turbo, bem como fazendo uso de uma mistura de ligas de alumínio e aço para a carroceria, o RS7 está longe de ser um “peso pena”, pois pesa 1.995 Kgs.
Apesar do elevado peso, o RS7 é capaz de ir de 0 a 100 Km/h abaixo dos 4 segundos, mais precisamente em 3,9 segundos, de acordo com a Audi. Dependendo do pacote de performance escolhido, o RS7 será capaz de atingir 250 km/h, 280 km/h (dynamic package) ou 305 km/h (dynamic plus package).
O RS7 poderá ser equipado com dois pacotes diferentes de suspensão: (i) o standard, que faz uso de suspensão a ar; ou (ii) o RS sport suspension com DRC (Dynamic Ride Control). A diferença, como você pode imaginar, é que o conjunto (ii) é mais esportivo. Independentemente da sua escolha, há 3 modos de suspensão: Comfort, Auto e Dynamic (se você não souber diferenciar para o que serve cada um desses, você não gosta de carro, rs.)
O interior do carro é equipado com o melhor em termos de acabamento da Audi, que, na minha opinião, hoje, faz cabines mais bonitas que a BMW e a Mercedes Benz. O RS7 é muito semelhante nesse aspecto aos seus irmão “mais simples”, com a diferença que o irmão “bravo” tem o badge “RS” tatuado por todos os cantos.
Pelo que percebi, o Audi RS7 é muito mais do que um único carro – tudo depende muito do pacote de opcionais que você escolhe. Em linha reta, exceto pelos limitadores de velocidade, a diferença é inexistente. Porém, no quesito “tocada”, o mesmo carro pode ser muito diferente.
O Audi RS7 com o pacote Sport Dynamic Plus e sua suspensão hidráulica juntamente com o DRC, é um instrumento muito mais ágil e direto quando chega a hora de brincar nas curvas. Com o modo Dynamic acionado, praticamente não há rolagem de carroceria e a rodagem é bem rígida, quase parecendo um carro completamente esportivo (apesar das 2 toneladas). Se precisa subir no freio, o conjunto de cerâmica está lá para assegurar a eficiência. Precisa contornar curvas, o sistema Quattro está lá para lhe fornecer quantidades insanas de aderência. Quer ouvir o motor 4.0 TFSI roncando? O RS7 nessa configuração tem um sistema de escapamento distinto.
Saindo do RS7 hardcore e montando a bordo do RS7 pé-de-boi, apesar da falta de aptidões juvenis ao volante, a rodagem é muito mais civilizada e confortável. Não tem nem de perto o mesmo equilíbrio dinâmico do outro carro, mas pode ser mais agradável de conviver se você for usá-lo todos os dias.
Se há uma crítica que se faz ao carro (bem como a todo e qualquer Audi moderno, exceto pelo R8) é à de direção – altamente artificial e anestesiada. A pergunta que não quer calar é: até quando a marca vai continuar pisando na bola nesse ponto?
Bom, vamos olhar friamente para o RS7. Será que quando você compra um carro desses o intuito é agarrar curvas? Será que você realmente precisa dirigir um carro como o RS7 como um insolente? Honestamente, se for possível, eu gostaria apenas de remover o limitador de velocidade e colocar o escape esportivo no meu eventual RS7. Quer dirigir agressivamente, compre um Audi R8! De verdade, não vejo muita finalidade em ter um RS7 com os opcionais mais agressivos a não ser para contar vantagem para todos os colegas, amigos e inimigos nas rodas de papo.