PORSCHE PANAMERA V6 – UM PORSCHE 911 ANABOLIZADO

Questionei-me se escreveria um review sobre esse carro. Cadu e William haviam acabado de pegar o Porsche Panamera “de entrada” junto à frota de imprensa da montadora e fizeram um teste completo sobre o carro. No mesmo dia, eu e o Cadu tínhamos outra gravação e ele me deu uma carona com o carro. Na volta, foi a minha vez de dirigir.

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Confesso que há momentos que não sei exatamente o critério que me leva a escrever sobre um determinado carro ou não. Antes de dirigir essa Panamera mesmo, não estava muito animado ou curioso. Já conhecia versões mais fortes do carro, porém, minha experiência a bordo do modelo sempre se resumiu a blindados.

Particularmente, eu nunca achei a primeira geração da Panamera um carro bonito e o considerava demasiadamente grande para o meu gosto. O que me deu o estalo de querer experimentar o carro foi justamente por não ser blindada.

Por melhor que seja a tecnologia das blindagens hoje em dia, não dá para negar que ainda há efeitos adversos para o centro de gravidade e rigidez do conjunto como um todo. Quando lembrei que há havia testado grandes sedãs de outras marcas sem ser blindados, achei por bem fazer esse “enorme sacrifício” e ir dar uma volta com a Panamera V6.

O PORSCHE PANAMERA V6

Vamos começar pela parte mecânica. O motor é um 3.6, V6 e a.s.p.i.r.a.d.o. Para um carro com dimensões titânicas, afinal, são quase 5 metros de Porsche, e peso consideralvemente acima dos 1800 Kgs, os números no papel não pareciam carimbar o passaporte para uma dose de adrenalina. São 310 cvs para 40,8 Kgfm de torque. Tração traseira para esse modelo testado.

De acordo com a montadora, o 0 a 100 km/h ocorre na casa dos 6,3 segundos e a velocidade máxima é de 260 Km/h (e não, não é limitada eletronicamente, pois a Porsche não adere ao acordo de cavalheiros que limita as velocidades máximas dos alemães em 250 km/h).

O câmbio é um PDK de 7 marchas. Poderia ficar aqui discorrendo sobre o quão incrível a caixa é em termos de performance, mas, a essa altura do campeonato, você já deve ter sacado que PDK é simplesmente sensacional. A suavidade das trocas nos modos mais tranquilos é absurda. Você realmente se esquece que esse câmbio é um petardo de desempenho. Quando você pressiona aquela palavrinha mágica chamada de “Sport” no console central, há uma transformação absurda voltada à esportividade.

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Já que tocamos nesse ponto, vamos aos modos de condução – são essencialmente dois: o normal, onde o carro é completamente voltado ao conforto e eventual economia de combustível; e o já mencionado “Sport”, no qual tudo fica afiado para a conduta mais agressiva, incluindo uma direção mais pesada, um acelerador mais rápido e o PDK pronto para o ataque.

Esse carro, por ser um modelo de entrada, não possui o Sport Chrono Package, que lhe brindaria com um modo ainda mais estúpido, conhecido por “Sport Plus”. Você pode também ajustar a rigidez dos amortecedores isoladamente ali no console central, havendo, no total, 3 configurações (do mais macio ao duro).

O carro que testamos no Amigos por Carros é 2015, portanto, já é a versão facelift da primeira geração do Panamera. Por ser o Panamera 0km mais barato que você pode comprar, alguns sacríficios foram feitos. Um notável é a ausência de câmera de ré. Em um carro tão grande como esse é um tipo de sacríficio tonto! Tirando pequenos detalhes, você não entra nesse carro e acredita estar a bordo de um carro “barato”. Você tem que ser muito detalhista para notar as sutilezas de diferença de acabamento para um versão mais completa.

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O espaço interno da Panamera é excepcional, mas é um carro para 4 pessoas e ponto final. Ali atrás, a cabine é extremamente luxuosa para os passageiros, com um console e configurações próprias. A cabine do carro como um todo é um dos ambientes mais esportivos e legais do segmento. São 4 bancos com cara de esportividade, característica essa que é até mesmo notável no acochoamento mais firme do que aquele que você vê em qualquer concorrente.

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Particularmente, eu prefiro muito mais o ambiente interno da Panamera dessa geração do que o visual externo, mas não dá para negar que o carro ficou mais charmoso com o facelift de 2013. Novas lentes de farol dianteiro e traseiro deram uma cara mais agressiva para o Porsche sedã. As rodas desse modelo em especial são oriundas dos carros mais caros e dão um aspecto mais esportivo.

A TOCADA DO PANAMERA

Curiosamente, apesar de estar em um nicho de veículos luxuosos, pesados e grandes, a Panamera V6 tem um peso compatível com veículos de uma categoria mais baixa. Ela peita Classe S, Série 7 e A8, mas pesa algo equivalente a Classe E, Série 5 e Audi A6, e isso se traduz em um carro que tem uma agilidade surpreendente nas mudanças de direção.

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Explicando melhor, não há nada no segmento da Panamera que responda aos comandos do volante tão bem. Com a direção no modo Sport, a Panamera faz questão de mostrar o pedigree Porsche. A conexão que você tem com o resto do carro por intermédio do volante é algo sem similares na categoria.

Mas de nada adiantaria uma direção tão afiada se eu não desse o devido crédito ao chassi do carro. A Panamera, como um todo, passa uma sensação de carro firme que, mesmo a bordo da versão V6, há horas que você acredita estar a bordo de um legítimo esportivo.

Obviamente, a maior surpresa que tive nesse aspecto foi justamente por estar conduzindo um carro sem blindagem. Muito dessa sensação é perdida quando você coloca 200 kgs e manda o centro de gravidade para o inferno.

Agora, nem tudo são flores. Se a Panamera V6 entrega um tocada consideravelmente superior aos concorrentes para aqueles buscando entretenimento atrás do volante, é no papel tradicional de grande sedã luxuoso que talvez a Panamera deixe um pouco a desejar. No aspecto puramente conforto, Audi, BMW e Mercedes conseguem entregar um produto mais alinhado com a proposta da categoria.

Mesmo colocando a Panamera para trafegar no modo mais suave, o carro não parece estar habituado a lidar com asfaltos irregulares como os de uma Cidade como São Paulo. No modo Sport, então, as batidas de suspensão são secas! A sensação ainda é engrandecida pelo fato dos bancos terem uma pegada mais esportiva. A espuma rígida cumulada com apoios laterais mais firmes são bacanas na hora da diversão, mas para a condução cotidiana, confesso que podem ser um pouco mais cansativos do que você esperaria de um carro dessa categoria.

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Os ajustes de banco são fenomenais na hora de encontrar a posição correta de dirigir. Obviamente, eu gosto dela bem próximo do chão do carro, mas dentro da Panamera, se você fizer isso, certamente terá problemas para enxergar aonde termina o capô e a traseira do carro. Você realmente afunda dentro do habitáculo. A direção tem ajuste de profundidade e altura, porém, na minha opinião, um pouco mais limitados que o comum e, além de tudo, m.a.n.u.a.i.s. Ok, Porsche, você pode até se safar disso com os esportivos mais puros sob o argumento do peso, mas no Panamera, que custa mais de R$ 500 mil, não!

Outro aspecto que foi muito além das minhas expectativas foi o desempenho do motor. A priori, esperava uma letargia (que antes do teste era o fator que mais me dissuadia de querer andar no carro). Antes de dirigí-la, no entanto, tanto o Cadu e o William haviam me falado que se surpreenderam positivamente.

Realmente, o carro sai da imobilidade com uma agilidade que faz você questionar se a Porsche não teria sido classicamente conservadora com o rendimento do conjunto, como é praxe da montadora. Talvez os pouco mais de 300 cavalos e 40 Kgfm tenham sido medidos no meio do deserto, porque a realidade é que há momentos que você parece estar a bordo de um V8.

Foi aí que me lembrei do quanto isso devia ser responsabilidade do PDK. Em tempos de caixas semi automatizadas banalizadas para todos os lados e montadoras, você tende a se esquecer dos milagres que essa tecnologia é capaz de fazer. O câmbio PDK, especialmente no modo mais esportivo, juntamente com a resposta do acelerador, dão um vigor estúpido para a Panamera.

É um petardo, então? Não, claramente que não. O ponto central aqui é que se você acha que o Panamera V6 é um carro manco a julgar pelos números de potência, torque e peso no papel, tenho a impressão que você vai ficar impressionado. É um carro de desempenho honesto. Você nota realmente a diferença de desempenho para as versões mais fortes quando o carro já está em movimento, na hora das retomadas. O motor tem muita força em baixa, mas, curiosamente, em alta, ali no teste, ele me pareceu mais castrado, sem aquela disposição de um V8 ou da Turbo.

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CONCLUSÃO

Não podemos esquecer jamais que estamos falando de um carro que custa mais de R$ 500 mil reais, ok? Para um carro dessa categoria, há alguns pecados mínimos que poderiam ter sido melhor pensados antes de trazer o modelo, tais como o ajuste elétrico de direção e uma câmera de ré. Agora, parece um carro “barato” ou “de entrada”? Nem pensar, você efetivamente se sente a bordo de um belo Porsche.

Por esse dinheiro, é bem possível que você consiga comprar modelos das concorrentes mais bem equipados e mais confortáveis para a proposta completa ride in luxury, com diz o Cadu. Agora, se você é daqueles que ainda gosta da parte do entretenimento atrás do volante, a Panamera é o seu carro. Um AMG ou um Audi S-line nesse andar certamente acelerarão mais rápido e terão velocidades finais mais fortes, mas, na parte da tocada, de interação com o carro como um todo, mesmo essa versão de entrada V6 do Porsche entrega mais.

Uma pena que esses carros acabam majoritariamente sendo blindados e afirmo com conhecimento de causa que uma Panamera blindada não tem o espírito de tocada e agilidade vistos nesse carro testado. A Porsche realmente sabe construir carros. Isso nunca foi segredo para ninguém. Não importa o modelo que você escolha, o senso de algo com o melhor da engenharia automotiva sempre estará presente. A sensação de algo feito para durar e bem construído, para mim, é algo sem precedentes. Talvez a Mercedes esteja em condições de peitar essa credencial da Porsche.

É um belo sedã de luxo. Se você estiver disposto a sacrificar um pouco todo o conforto inerente à categoria para ter algo com mais esportividade, a Porsche Panamera, mesmo V6, é um prato cheio no segmento.

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2 comentários sobre “PORSCHE PANAMERA V6 – UM PORSCHE 911 ANABOLIZADO

    1. Todos são tremendos carros e excepcionais casamentos… época meio ruim de comprá-los… pq a CLS, E e Panamera novas estão chegando. RS7 me parece mais sólido do ponto de vista de mercado

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